Intervenção Cognitivo-Comportamental na Depressão

A depressão é a principal causa de incapacidade no mundo atualmente, sendo um transtorno crônico e recorrente para muitos indivíduos. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem sido amplamente reconhecida por sua eficácia no tratamento da depressão, especialmente ao abordar ciclos de redução de atividades que perpetuam o estado depressivo.

O Ciclo de Redução de Atividades

Um dos principais mantenedores da depressão é o ciclo de redução de atividades. Esse ciclo se caracteriza por uma diminuição nas atividades diárias devido ao humor deprimido, o que resulta em uma perda de reforçadores positivos e, consequentemente, agrava ainda mais o estado depressivo.

Estudo de Caso

Para ilustrar a intervenção nesse ciclo, apresentamos o caso de um paciente de 24 anos, solteiro e sem filhos. O paciente apresentou um quadro de depressão severa, caracterizado por uma significativa redução em suas atividades diárias e perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas.

Intervenções Utilizadas

As principais intervenções cognitivas e comportamentais aplicadas foram:

  1. Psicoeducação: O paciente foi informado sobre a natureza da depressão e o papel dos pensamentos automáticos e crenças disfuncionais no ciclo de manutenção da depressão.
  2. Quadro de Atividades: Foi criado um quadro diário para monitorar e planejar as atividades do paciente, incentivando a inclusão gradual de atividades prazerosas e significativas.
  3. Lista de Atividades Prazerosas: O paciente elaborou uma lista de atividades que outrora lhe traziam prazer, com o objetivo de reintroduzi-las em sua rotina.
  4. Registro e Avaliação de Pensamentos: O paciente registrou seus pensamentos automáticos e crenças disfuncionais, avaliando a veracidade e utilidade desses pensamentos com a ajuda do terapeuta.

Resultados

As intervenções resultaram em significativas melhorias no estado do paciente:

  • Melhora do Humor: Ao interromper o ciclo de redução de atividades, o paciente passou a experimentar um humor mais estável e positivo.
  • Flexibilização das Cognições: O paciente desenvolveu a habilidade de identificar e desafiar pensamentos disfuncionais, substituindo-os por pensamentos mais realistas e adaptativos.
  • Comportamentos Mais Funcionais: Houve um aumento na participação em atividades diárias e prazerosas, o que contribuiu para uma maior sensação de bem-estar e realização.
  • Retomada de Conquistas: O paciente conseguiu retomar e alcançar objetivos em diversas áreas de sua vida, como trabalho, relacionamentos e lazer.

Conclusão

A intervenção cognitivo-comportamental no ciclo de redução de atividades mostrou-se eficaz no tratamento da depressão. Ao trabalhar com o paciente na reestruturação cognitiva e no planejamento de atividades, foi possível interromper o ciclo vicioso da depressão, promovendo uma recuperação significativa e duradoura.

Se você ou alguém que você conhece está lutando contra a depressão, saiba que a TCC pode ser uma ferramenta poderosa para a recuperação. Procurar ajuda profissional é um passo importante para retomar o controle e a qualidade de vida.

Referências bibliográficas:

AGOSTINHO, Tayla Fernandes; DONADON, Mariana Fortunata  e  BULLAMAH, Sabrina Kerr.Terapia cognitivo-comportamental e depressão: intervenções no ciclo de manutenção. Rev. bras.ter. cogn. [online]. 2019, vol.15, n.1, pp.59-65. ISSN 1808-5687.  https://doi.org/10.5935/1808-5687.20190009.