Depressão em Homens e Mulheres: Diferenças e Dados Epidemiológicos

A depressão é um transtorno mental comum e debilitante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, independentemente de idade, gênero ou condição socioeconômica. No entanto, estudos mostram que há diferenças significativas na prevalência, manifestação e busca por tratamento da depressão entre homens e mulheres.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 280 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo. Desse total, as mulheres são aproximadamente duas vezes mais propensas a serem diagnosticadas com o transtorno do que os homens. Estimativas globais indicam que cerca de 5,1% das mulheres e 3,6% dos homens apresentam sintomas depressivos clinicamente relevantes.

Diversos fatores contribuem para essa disparidade. Em mulheres, questões hormonais (como alterações durante o ciclo menstrual, gravidez, pós-parto e menopausa), além de fatores psicossociais (como sobrecarga de trabalho, violência de gênero e desigualdades sociais), são apontados como fatores de risco importantes. Além disso, as mulheres tendem a relatar mais os sintomas e a procurar ajuda com maior frequência, o que pode aumentar as taxas de diagnóstico.

Já os homens apresentam taxas mais baixas de diagnóstico, mas isso não significa necessariamente que sofrem menos de depressão. A forma como os sintomas se manifestam pode ser diferente: enquanto mulheres geralmente relatam tristeza profunda, choro fácil e sentimentos de inutilidade, os homens muitas vezes expressam a depressão por meio de irritabilidade, abuso de substâncias, comportamento agressivo ou retraimento social. Isso pode dificultar o reconhecimento do transtorno e contribuir para o subdiagnóstico.

Um dado alarmante é que, embora as mulheres tentem o suicídio mais frequentemente, os homens apresentam taxas de suicídio consumado significativamente mais altas — cerca de três a quatro vezes maior — o que evidencia a gravidade da depressão masculina não tratada.

Esses dados apontam para a necessidade de estratégias de prevenção e tratamento sensíveis ao gênero, que considerem as especificidades de como a depressão se manifesta em homens e mulheres. O combate ao estigma, a promoção de campanhas educativas e o fortalecimento da atenção psicossocial são medidas fundamentais para garantir que todas as pessoas, independentemente do gênero, tenham acesso a cuidados adequados em saúde mental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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