Empatia e os esquemas iniciais desadaptativos

O estudo realizado por Berlitz e Pureza (2018) investigou a relação entre empatia e esquemas iniciais desadaptativos (EIDs) em uma amostra de 60 estudantes universitários. Utilizando a Escala Multidimensional de Reatividade Interpessoal (EMRI) e o Questionário de Esquemas de Young (YSQ-S2), os autores identificaram 22 correlações significativas entre os componentes da empatia e diferentes EIDs.

Entre os principais achados, destacam-se:

  • Correlações positivas entre os esquemas de abandono, vulnerabilidade ao dano/doença e auto sacrifício com os componentes emocionais da empatia (consideração empática e angústia pessoal). Isso sugere que indivíduos com esses esquemas tendem a se preocupar com os outros, mas também sofrem emocionalmente diante do sofrimento alheio.
  • Correlações ambivalentes foram observadas nos esquemas de desconfiança/abuso, isolamento social/alienação, emaranhamento/self subdesenvolvido, arrogo/grandiosidade e autocontrole/autodisciplina insuficientes. Esses esquemas se correlacionaram negativamente com a tomada de perspectiva e positivamente com a angústia pessoal, indicando dificuldade em compreender o ponto de vista do outro e tendência ao sofrimento emocional centrado no próprio self.
  • O esquema de defectividade/vergonha apresentou correlações negativas com a empatia total e a tomada de perspectiva, evidenciando uma menor capacidade empática geral em indivíduos que se percebem como falhos ou inferiores.
  • Quatro esquemas — privação emocional, dependência/incompetência, subjugação e padrões inflexíveis/postura crítica exagerada — não apresentaram correlações significativas com os componentes da empatia.

Nas conclusões, os autores destacam que o desenvolvimento da empatia pode atuar como fator de proteção contra a formação de EIDs, contribuindo para uma personalidade mais saudável e relações interpessoais mais equilibradas. A empatia, quando bem regulada, favorece a saúde mental e a qualidade de vida. No entanto, os autores também alertam que níveis elevados de empatia, sem adequada regulação emocional, podem gerar sobrecarga e afastamento em situações de sofrimento alheio.

O estudo é considerado inovador por abordar uma temática ainda pouco explorada na literatura nacional e internacional. Os autores recomendam a realização de novas pesquisas com amostras clínicas e metodologias mais robustas para aprofundar a compreensão da interação entre empatia e esquemas desadaptativos.

Referência: BERLITZ, Daiana; PUREZA, Juliana da Rosa. A relação entre a empatia e os esquemas iniciais desadaptativos. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, São Paulo, v. 14, n. 1, p. 31–41, 2018. DOI: 10.5935/1808-5687.20180005.