O transtorno depressivo maior (TDM) já é considerado uma das doenças mais incapacitantes do mundo1. No Brasil, segundo pesquisa Populacional 7,6% da população afirmaram ter diagnóstico médico ou de profissional de saúde2. Muitos problemas estão associados ao diagnóstico como: poucas pessoas recebem o tratamento adequado, altos índices de recorrências, altas taxas de suicídio1. A duração de um episódio depressivo vai depender diretamente do número de episódios anteriores1. Segundo a Organização Mundo da Saúde (OMS), pessoas que sofrem com este transtorno psiquiátrico sofrem um forte estigma social3.
É importante que o profissional e o cliente saibam da eficácia do tratamento e a probabilidade de sucesso da intervenção na psicoterapia1. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) já mostrou ser eficaz em muitos estudos4–8. Estudos mostraram evidências claras de que o tratamento farmacológico é o principal recurso no tratamento do TDM, sem evidências para o paciente em lidar com as recaídas e reincidências1. Muitas vezes a pessoa que sofre de depressão é chamada de “preguiçosa”, “encostada”, “fraca”, por familiares, amigos, colegas e por profissionais de saúde9. A dificuldade do acesso a atenção primária, a dificuldade do diagnóstico por parte dos profissionais, a falta de políticas públicas, somadas aos outros fatores relatados anteriormente fazem da depressão um dos transtornos psiquiátricos mais incapacitantes do mundo.
Cada abordagem da psicologia trabalha de sua forma a depressão, neste texto estarei explicando como a terapia cognitivo-comportamental trabalha no tratamento do transtorno depressivo maior. O modelo cognitivo-comportamental proposto por Aaron T. Beck é um modelo bem fundamentado e baseado em evidências no tratamento da depressão3,10,11. O modelo cognitivo parte do pressuposto de que as pessoas deprimidas têm uma visão distorcidas si mesmas e que esses pensamentos geram emoções e comportamentos exagerados, portanto, as intervenções focam nas modificações dos pensamentos para aliviar essas emoções e desenvolver estratégias para o tratamento1.
O protocolo da TCC visa psicoeducar sobre o modelo cognitivo e sua aplicabilidade, mostrar as evidências da interferência dos pensamentos nas ações e emoções do cliente; desenvolver habilidades sociais; ensinar técnicas para enfrentar pensamentos negativos; aplicação de tarefas comportamentais para enfrentamento e tomadas de decisões10. Além disso a Terapia Cognitiva fornece técnicas para o seu cliente ser seu próprio terapeuta. Seu protocolo de atendimento dura de 16 a 24 sessões, com duração de 50 minutos semanais10.
Em geral as pesquisas demonstram a redução dos sintomas e na prevenção de recaída e recorrência no tratamento da depressão leve e moderada12–14. Estes realizaram tratamento com TCC, diminuíram em 50% as chances de recaírem do que aqueles que tomaram apenas medicamentos1. Lotufo e Neto (2003), realizaram um levantamento nas principais bases de dados sobre as evidências da TCC em recaídas e recorrências no transtorno depressivo maior, forma encontrados 15 ensaios clínicos controlados e randomizados confirmando a eficácia da TCC ao uso dos antidepressivos na prevenção a recaídas e recorrências12.
A TCC mostrou eficácia principalmente no seu efeito a longo prazo, no transtorno depressivo maior grave, a utilização da medicação é mais indicada, porém sem estudo de efeito com relação a diminuição da prevenção de recaída1. O tratamento mais indicado na intensidade mais grave dos sintomas é psicofarmacologia mais psicoterapia. Em geral, o trabalho multidisciplinar/multiprofissional, entre psiquiatra e psicólogo tem consequências muito positivas para os seus pacientes/clientes, melhorando a saúde mental e consequentemente sua qualidade de vida. Aos profissionais, psicólogos, conhecer a depressão, o cliente, os protocolos, a maneira como lidar em cada situação.
Mas o tratamento não é fácil, o tratamento é lento, conversar com seu cliente e sua família com relação as expectativas, ilusões, decepções que irão acontecer pode ajudar no decorrer do processo terapêutico, além de criar confiança no tratamento.
Vitor Souza Mascarenhas é graduado em Psicologia; Mestrando em Tecnologias em Saúde; Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental; Especialista em Terapia Analítico-Comportamental; Especialista em Neuropsicologia e Reabilitação.
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REFERÊNCIAS:
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