Muitos estudos são desenvolvidos na área dos transtornos de personalidade1. A maior parte destes estudos teve seu início da década de 801. O conceito de Personalidade envolve a relação entre temperamento e caráter, características emocionais e biológicas1. Quando as características da personalidade geram dificuldades na adaptação, ocasionando sofrimento as pessoas, podemos começar a pensar em Transtorno de Personalidade(TP)1.
Indivíduos com TP comumente apresentam esquemas não-adaptativos e inflexíveis, devido a manutenção cognitiva de processos descritos por Beck e Freeman (1993)2, como distorções cognitivas. Pessoas com o Transtorno de Personalidade Dependente (TPD), são geralmente ansiosos e ficam com muita frequência preocupados com a aceitação do terapeuta, este comportamento pode facilitar o processo de tratamento3.
Segundo APA (2002)4, os transtornos de personalidade são:
- Paranóide;
- Esquizóide;
- Esquizotípica;
- Anti-Social;
- Borderline;
- Histriônica;
- Narcisista;
- Evitativo;
- Dependente;
- Obsessivo-Compulsiva;
- Sem outra especificação.
Nesta publicação irei descrever o Transtorno de Personalidade Dependente (TPD). O TPD tem como definição um padrão de comportamento submisso e aderente, relacionado a uma necessidade excessiva de proteção e cuidados1. Na prática clínica é um dos mais prevalentes e mais diagnosticado nas mulheres1. Outros estudos mais estruturados descrevem taxas similares entre homens e mulheres3. É um transtorno de início precoce, crônico e está presente em inúmeros contextos4.
Indivíduos com TPD tem uma necessidade excessiva de ser cuidado, gerando um comportamento submisso e medo de separação1. De acordo com Beck e Freeman (1993), os comportamentos dependentes e submissos tem por objetivo a obtenção da atenção e cuidados, surgem da percepção de si como incapaz de funcionar adequadamente sem a ajuda de outras pessoas2.
Pessoas com TPD tem dificuldades4:
- Tomar decisões com autonomia;
- Reassegurar com outras pessoas;
- São altamente passivas;
- Deixam que outras pessoas tomam a iniciativa e assumam a responsabilidade em áreas importantes de suas vidas;
- Apresentam dificuldades em iniciar projetos;
- Atuar sozinha em determinadas situações.
Quando obtêm a garantia de supervisão e aprovação, conseguem desenvolver suas atividades de maneira mais funcional, logrando êxito1. Esta confiança faz com que o indivíduo com TPD não aprenda as habilidades necessárias para realizar suas atividades de maneira independente, fazendo com que sempre precise de uma pessoas para tomar a decisão em tarefas importantes de sua vida1. Isto pode levar ao comportamento extremo, com a intenção de obter carinho e apoio, se oferecendo em tarefas desagradáveis, tudo isto para conseguir os cuidados que necessita1. Se relacionam de maneira desequilibrada, fazendo sacrifícios e tolerando o abuso verbal, físico ou sexual4.
Pessoas com TPD sentem-se desconfortáveis e desamparadas quando estão sozinhas, pelo medo exacerbado de cuidar de si próprias, buscam apoio em pessoas que considere importante, quando o seu relacionamento termina, vai imediatamente atrás de outro que lhe dê apoio e atenção1.
O diagnóstico de Transtorno de Personalidade dependente, segundo o DSM-V, é caracterizado pela excessiva necessidade de ser cuidado, gerando comportamento de submissão. Aderência e temor de separação4. Manifesta-se no início da fase adulta e tem que ter pelo menos cinco dos seguintes sintomas:
- Dificuldade em tomar decisões sem asseguramento de outros;
- Necessidade de que outros assumam responsabilidade importantes na sua vida;
- Dificuldade para discordar por medo de aprovação;
- Falta de iniciativa para realizar projetos devido á autoconfiança;
- Realizar atos extremos com o objetivo de obter carinho;
- Medo exagerado de cuidar de si;
- Ao término de um relacionamento íntimo busca imediatamente outro;
- Preocupação irreal em ser abandonado.
As cognições mais marcantes neste indivíduos com TPD se referem á baixa autoestima, abandono e medo de errar, frequentemente se acham incapazes de fazer coisas sozinhos. Seus comportamentos mais vistos são falta de iniciativa e não percepção dos prejuízos que este comportamento ocasiona em sua vida1. O comportamento dependente só pode ser considerado se excede as normas culturais ou refletem preocupações irrealistas.
REFERÊNCIAS:
- Zanin, C. R. & Valerio, N. I. Intervenção Cognitivo-comportamental em Transtorno de Personalidade Dependente: Relato de Caso. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva6,81–92 (2014).
- Beck, A.; Freeman, A. Terapia Cognitiva dos Transtornos de Personalidade. in Terapia Cognitiva dos transtornos de personalidade(ed. Filman, A. E.) (ARTMED).
- Ventura, P. R. Psicoterapia Comportamental e Cognitiva de Transtornos Psiquiátricos. in Transtornos de Personalidade199–218 (ARTMED, 1998).
- Association, A. P. DSM-V Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais. (ARTMED, 2013).
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