A depressão nas diferentes regiões do Brasil

A depressão é um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza persistente, perda de interesse ou prazer, e uma série de sintomas físicos e cognitivos que interferem significativamente na vida diária dos indivíduos. No Brasil, esse transtorno se manifesta de forma desigual entre as regiões, influenciado por fatores socioeconômicos, culturais e de acesso a serviços de saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2019), o Brasil é o país com a maior prevalência de depressão na América Latina, afetando cerca de 5,8% da população. No entanto, essa média nacional esconde disparidades regionais importantes. Estudos indicam que as regiões Sul e Sudeste apresentam prevalência mais elevada de depressão em comparação com as demais. Um levantamento da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE em 2019, mostrou que os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais lideram os índices de diagnóstico médico de depressão (IBGE, 2020).

Essas variações podem estar relacionadas a fatores como o maior acesso a diagnósticos nessas regiões mais desenvolvidas economicamente, bem como a maior urbanização e estresse social. Por outro lado, nas regiões Norte e Nordeste, embora os índices de diagnóstico sejam menores, há indícios de subnotificação devido à dificuldade de acesso a serviços de saúde mental e à falta de profissionais especializados (LOURENÇO; LUDERMIR, 2014).

Além disso, o estigma associado aos transtornos mentais e a desigualdade social agravam a situação em determinadas localidades. Como destacam Gonçalves et al. (2019), a pobreza, a violência urbana e a falta de políticas públicas efetivas são elementos que contribuem para o sofrimento psíquico da população, especialmente nas periferias urbanas e nas zonas rurais.

Portanto, compreender a distribuição regional da depressão no Brasil é essencial para o planejamento de políticas públicas que considerem as especificidades locais, promovendo equidade no acesso ao cuidado em saúde mental.


Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Mental. Brasília: MS, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br. Acesso em: 23 abr. 2025.

GONÇALVES, D. A. et al. Transtornos mentais comuns e o uso de serviços de saúde: dados do estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 41, n. 1, p. 13-20, 2019. https://doi.org/10.1590/1516-4446-2018-0228.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. Disponível em: https://www.ibge.gov.br. Acesso em: 23 abr. 2025.

LOURENÇO, L. M.; LUDERMIR, A. B. Contextos sociais e transtornos mentais comuns entre mulheres: uma revisão da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 12, p. 4975-4985, 2014. https://doi.org/10.1590/1413-812320141912.14512013.