A ansiedade é um estado emocional caracterizado por preocupações excessivas e uma resposta elevada ao estresse, impactando diretamente a atenção e a capacidade cognitiva do indivíduo. Estudos indicam que pessoas ansiosas apresentam um viés atencional, tendendo a focar mais em estímulos ameaçadores e tendo dificuldade em redirecionar sua atenção para tarefas não relacionadas à preocupação (BARLOW, 2002). Esse fenômeno pode comprometer a produtividade, o desempenho acadêmico e profissional, além de afetar a qualidade de vida.
Segundo Eysenck et al. (2007), a ansiedade prejudica a atenção por meio da interferência cognitiva, na qual pensamentos intrusivos competem com a tarefa principal, reduzindo a eficiência do processamento de informações. Essa sobrecarga mental dificulta a concentração e pode levar a um ciclo de procrastinação e frustração.
Para melhorar a atenção em contextos de ansiedade, algumas estratégias podem ser adotadas. Primeiramente, a prática da atenção plena (mindfulness) tem se mostrado eficaz na redução da ruminação e na melhora da regulação emocional (KABAT-ZINN, 1990). Técnicas como a meditação e a respiração consciente ajudam a desviar o foco de preocupações irrelevantes e a manter a concentração no momento presente.
Outra abordagem envolve a reestruturação cognitiva, um princípio da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que auxilia na identificação e modificação de pensamentos disfuncionais relacionados à ansiedade (BECK, 2011). Ao questionar a validade dos pensamentos negativos e substituí-los por perspectivas mais realistas, é possível reduzir a carga emocional e melhorar a capacidade de foco.
Além disso, a organização do ambiente e o estabelecimento de rotinas estruturadas favorecem a atenção, minimizando distrações e proporcionando maior previsibilidade às atividades diárias (ROBINSON, 2018). O uso de técnicas de gestão do tempo, como o método Pomodoro, também pode ser útil para manter a atenção por períodos controlados e evitar a fadiga cognitiva.
Portanto, a relação entre ansiedade e atenção é complexa, mas pode ser gerenciada por meio de estratégias comportamentais e cognitivas. A adoção de práticas como mindfulness, reestruturação cognitiva e organização ambiental pode contribuir significativamente para a melhora do foco e do bem-estar geral.
Referências
BARLOW, D. H. Anxiety and its disorders: The nature and treatment of anxiety and panic. 2. ed. New York: Guilford Press, 2002.
BECK, J. S. Terapia cognitivo-comportamental: Teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
EYSENCK, M. W.; DERAKHSHAN, N.; SANTOS, R.; CALVO, M. G. Anxiety and cognitive performance: attentional control theory. Emotion, v. 7, n. 2, p. 336-353, 2007.
KABAT-ZINN, J. Full catastrophe living: Using the wisdom of your body and mind to face stress, pain, and illness. New York: Delacorte, 1990.
ROBINSON, D. Work smarter: Live better. London: LID Publishing, 2018.