Funções Executivas na Doença de Parkinson

A Doença de Parkinson (DP) é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo e, além de sintomas motores, causa alterações cognitivas, especialmente em funções executivas (FE). Estas funções envolvem processos como planejamento, flexibilidade cognitiva, tomada de decisão e inibição, sendo vulneráveis tanto ao envelhecimento quanto aos danos causados pela DP. O artigo destaca a importância de entender essas alterações para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas eficazes.

O objetivo deste estudo foi  de investigar o funcionamento das funções executivas em idosos com Doença de Parkinson, comparando-os com um grupo controle de idosos sem a doença.

Foi realizado um estudo transversal e comparativo com 62 idosos (31 com DP e 31 controles), recrutados em cinco cidades do Rio Grande do Sul. Os participantes realizaram diversos testes neuropsicológicos e responderam a questionários, como MMSE (Mini Exame do Estado Mental), GDS-15 (depressão geriátrica), BIS-11 (impulsividade), tarefas de fluência verbal, WCST-64 (teste de classificação de cartas), FDT (Five Digit Test) e DEX (Questionário de Disfunção Executiva).

Resultados

  • O grupo com DP apresentou desempenho significativamente inferior nos testes WCST-64 e FDT, indicando prejuízos em raciocínio, flexibilidade cognitiva e velocidade de processamento.
  • Também relataram mais dificuldades em tarefas do dia a dia associadas às funções executivas (medido pelo DEX).
  • Houve maiores queixas de sintomas depressivos no grupo com DP, embora o desempenho em testes de fluência verbal e impulsividade não tenha diferido significativamente entre os grupos.

As funções executivas estão comprometidas em idosos com Doença de Parkinson, o que reforça a necessidade de intervenções que contemplem não apenas os aspectos motores, mas também o cognitivo. O estudo sugere que intervenções para esse público devem ser mais bem desenvolvidas, especialmente considerando o impacto dessas funções na qualidade de vida. Estudos futuros podem explorar esses efeitos longitudinalmente e controlar mais variáveis, como uso de medicamentos.

Referência bibliográfica:

Rossi, T., Trevisol, M. B., Oliveira, D. S. de ., Schütz, D. M., Lima, M. P., Irigaray, T. Q., Oliveira, C. R. de ., & Paloski, L. H.. (2021). Executive Functions in Parkinson’s Disease. Psico-usf, 26(3), 439–449. https://doi.org/10.1590/1413-82712021260304