O impacto das redes sociais na saúde mental: abordagens da TCC para o manejo da ansiedade e da comparação social

As redes sociais tornaram-se uma parte essencial da vida moderna, proporcionando conectividade e acesso à informação. No entanto, o uso excessivo dessas plataformas tem sido associado a impactos negativos na saúde mental, como aumento da ansiedade e insatisfação com a autoimagem. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) surge como uma abordagem eficaz para lidar com esses desafios, oferecendo técnicas para modificar padrões de pensamento disfuncionais e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis (BECK, 2013).

Redes sociais e saúde mental

Estudos indicam que o uso intenso das redes sociais pode contribuir para o desenvolvimento de transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão. De acordo com Twenge et al. (2018), há uma correlação entre o tempo de tela e o aumento dos sintomas depressivos em adolescentes. Um dos principais fatores desse impacto é a comparação social, em que os usuários se sentem pressionados a atender a padrões irreais de beleza e sucesso apresentados nas redes (FARDOUY et al., 2021).

A comparação social pode gerar um ciclo de pensamentos automáticos negativos, levando a uma percepção distorcida da própria realidade e à diminuição da autoestima (FESTINGER, 1954). Essa dinâmica é amplificada pela curadoria de conteúdo nas redes, que exibe apenas momentos idealizados da vida dos outros, criando uma falsa sensação de inadequação e fracasso (GÓMEZ et al., 2020).

Aplicação da Terapia Cognitivo-Comportamental

A TCC propõe intervenções eficazes para o manejo da ansiedade e da comparação social nas redes. Entre as estratégias utilizadas, destacam-se:

  1. Reestruturação Cognitiva: Identificação e modificação de pensamentos automáticos disfuncionais, substituindo crenças irracionais por interpretações mais realistas e equilibradas (BECK, 2013).
  2. Exposição e Dessensibilização: Redução da evitação e do impacto emocional negativo por meio da exposição gradual a conteúdos que causam ansiedade, ajudando no desenvolvimento de uma visão mais objetiva da realidade online (CLARK; BECK, 2010).
  3. Treinamento em Mindfulness: Técnicas de atenção plena auxiliam na redução do impacto emocional da comparação social, promovendo maior aceitação e regulação emocional (KABAT-ZINN, 2003).
  4. Autocontrole Digital: Desenvolvimento de hábitos saudáveis de uso das redes, como limitar o tempo de tela e criar períodos de desconexão para reduzir a dependência digital (ANDREWS et al., 2020).

Considerações Finais

O impacto das redes sociais na saúde mental é um fenômeno crescente, especialmente entre jovens. A TCC oferece ferramentas eficazes para lidar com a ansiedade e a comparação social, promovendo mudanças na percepção e na relação com essas plataformas. A aplicação de estratégias como a reestruturação cognitiva e o mindfulness pode contribuir para um uso mais equilibrado e saudável das redes sociais, reduzindo seus efeitos negativos na saúde mental.

Referências

ANDREWS, S. et al. Is digital detox effective? A systematic review of digital detox interventions and their effects on well-being. Computers in Human Behavior, v. 111, p. 106420, 2020.

BECK, J. S. Terapia Cognitivo-Comportamental: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2013.

CLARK, D. A.; BECK, A. T. Cognitive therapy of anxiety disorders: Science and practice. New York: Guilford Press, 2010.

FARDOUY, M. et al. Social Media and Self-Perception: A Review of Psychological Impacts. Journal of Psychology & Behavior, v. 58, n. 2, p. 235-251, 2021.

FESTINGER, L. A theory of social comparison processes. Human Relations, v. 7, n. 2, p. 117-140, 1954.

GÓMEZ, R. et al. The Effects of Idealized Social Media Images on Body Satisfaction. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, v. 23, n. 5, p. 345-352, 2020.

KABAT-ZINN, J. Mindfulness-based interventions in context: Past, present, and future. Clinical Psychology: Science and Practice, v. 10, n. 2, p. 144-156, 2003.

TWENGE, J. M. et al. Associations between screen time and lower psychological well-being among children and adolescents. Preventive Medicine Reports, v. 12, p. 271-283, 2018.