Queixa de memória subjetiva e fluência verbal em idosos

A mudança no perfil populacional brasileiro, marcada pela transição demográfica e epidemiológica, tem levado ao aumento da população idosa e à prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, como a Doença de Alzheimer. Este estudo investigou a relação entre queixa subjetiva de memória e fluência verbal em idosos, propondo o rastreamento periódico da percepção da memória como medida de atenção primária à saúde.

O envelhecimento natural provoca atenuação de funções cognitivas como atenção, funções executivas e memória. Identificar se essas dificuldades são normais ou indicam processos demenciais é crucial. A memória episódica declina mais acentuadamente que a memória semântica, e a fluência verbal pode indicar funções executivas e a capacidade de armazenamento do sistema de memória semântica.

Um rastreamento periódico da percepção subjetiva da memória pode ajudar na identificação precoce do declínio cognitivo, permitindo a promoção de atividades para manter a função cognitiva. O teste de fluência verbal pode revelar falhas relacionadas a processos demenciais, impactando aspectos cognitivos. Este estudo foca em relacionar a queixa subjetiva de memória com a fluência verbal em idosos ativos de Florianópolis, Santa Catarina.

Foi encontrada a queixa de memória autodeclarada em 35,7% da amostra. Não houve associação e correlação do TFV com a percepção da memória obtida pelo MAC-Q bem como com o seu escore. A análise do TFV com os indivíduos que referiram percepção negativa de memória apresentou significância estatística. Salienta-se que foi encontrada associação significativa entre a percepção (escore do MAC-Q) e a presença da queixa de memória (referida pelos idosos em questão acrescida ao questionário).

Não houve relação entre a queixa subjetiva de memória e a fluência verbal de idosos ativos, sendo as queixas mnemônicas correlacionadas à percepção negativa da memória e ao tempo de queixa apresentada. Porém a queixa subjetiva da memória se mostrou um indicativo para aqueles indivíduos com percepção negativa da memória, sendo um aspecto que deve ser considerado na fala dos idosos ao se investigar um possível declínio cognitivo. Tais dados podem auxiliar no direcionamento das ações de políticas públicas de assistência às pessoas idosas no município, salientando-se a importância em se verificar a queixa subjetiva de memória dos idosos.

Referência bibliográfica: Bernardes, F. R., Machado, C. K., Souza, M. C., Machado, M. J., & Belaunde, A. M. A.. (2017). Queixa subjetiva de memória e a relação com a fluência verbal em idosos ativos. Codas, 29(3), e20160109. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20172016109