Saúde mental, gênero e velhice: uma conexão profunda

A velhice é uma fase da vida que traz consigo diversas mudanças e desafios, tanto físicos quanto emocionais. Mas você sabia que essas experiências podem ser vividas de maneiras bastante diferentes por homens e mulheres idosos? Uma pesquisa recente realizada em uma instituição geriátrica nos ajuda a entender melhor como a inter-relação entre transtornos mentais comuns, gênero e velhice afeta a saúde mental dos idosos.

A Pesquisa e Seus Métodos

Para investigar essa questão, foram realizadas 18 entrevistas com idosos institucionalizados, divididos igualmente entre homens e mulheres. As entrevistas seguiram um questionário semi-estruturado que buscou explorar as experiências e sentimentos dos participantes em relação à sua saúde mental.

Principais Descobertas

Gênero e Experiências na Velhice

As entrevistas revelaram que as relações de gênero têm um impacto significativo nas experiências dos idosos. Homens e mulheres vivem a velhice de formas distintas, o que se reflete em diferentes tipos de sofrimento psíquico. Por exemplo, muitos homens relataram sentimentos de perda de identidade e utilidade após a aposentadoria, enquanto as mulheres mencionaram a solidão e a falta de reconhecimento pelo trabalho doméstico e de cuidado que desempenharam ao longo da vida.

Sofrimento Psíquico e Gênero

Os homens tendem a manifestar seu sofrimento psíquico de forma mais internalizada, muitas vezes resultando em depressão e ansiedade. Já as mulheres, embora também sofram de depressão, frequentemente expressam seu sofrimento de maneira mais explícita, como em episódios de choro e desabafos.

Implicações para Políticas Públicas

Os resultados desta pesquisa sugerem que políticas públicas de saúde mental destinadas a idosos devem levar em consideração as diferenças de gênero. É fundamental que a atenção primária à saúde aborde questões relacionadas à velhice e ao gênero, promovendo ações de saúde mental que considerem essas especificidades no dia a dia.

Conclusão

Entender a inter-relação entre transtornos mentais comuns, gênero e velhice é crucial para desenvolver estratégias eficazes de cuidado e apoio aos idosos. Esta pesquisa nos mostra que, para promover a saúde mental nessa fase da vida, é necessário considerar as experiências únicas de homens e mulheres, adotando abordagens sensíveis ao gênero.

Ao adaptar as políticas e práticas de saúde mental para melhor atender às necessidades específicas de cada gênero, podemos proporcionar uma velhice mais saudável e digna para todos.

 


Referências: [Medeiros, L. F. de .. (2019). A inter-relação entre transtornos mentais comuns, gênero e velhice: uma reflexão teórica. Cadernos Saúde Coletiva, 27(4), 448–454. https://doi.org/10.1590/1414-462X201900040316]